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Organizações não-governamentais queriam entregar carta
Conselho Português para a Paz critica embaixada de Israel por recusar encontro combinado
05.06.2007 - 18h50
O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) criticou hoje a embaixada de Israel em Lisboa por ter recusado um encontro previamente combinado com organizações não-governamentais portuguesas para a entrega de uma carta contra a ocupação dos territórios palestinianos.
Luís Vicente, vice-presidente do CPPC e um dos dois representantes das organizações não-governamentais que esperavam "ser recebidos pelo primeiro conselheiro" da embaixada de Israel em Portugal, disse à Lusa que o encontro não se realizou, alegando a embaixada que a existência de uma dezena de elementos daquelas organizações no passeio frente à representação diplomática era uma "manifestação provocatória".
"Disseram-nos que mais de cinco pessoas na rua era uma manifestação provocatória", afirmou Luís Vicente, ironizando que, como estavam no passeio dez representantes das 55 organizações não-governamentais signatárias da carta, "eram duas manifestações provocatórias".
Segundo o vice-presidente do CPPC, a embaixada tinha solicitado previamente os números e data de emissão dos bilhetes de identidade da delegação a ser recebida e que incluía uma representante do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente.
Por outro lado, os dois elementos da delegação foram identificados hoje pela PSP, afirmou também Luís Vicente, adiantando estarem junto à embaixada "três carros-patrulha e uma carrinha do Corpo de Intervenção da PSP".
Num comunicado, o CPPC acusa a embaixada de Israel de ter imposto um "posto de controlo em Lisboa" e de procurar "impor a 'lei' de Israel nas ruas portuguesas".
"Não se tratava de qualquer manifestação"
"Não se tratava de qualquer manifestação, quando marcamos uma concentração o Governo Civil tem conhecimento", disse à Lusa Sandra Benfica, da direcção do CPPC, criticando a "atitude despropositada" da embaixada de Israel.
A Lusa informa também que tentou, sem sucesso, obter informações junto da embaixada de Israel em Portugal.
Luís Vicente disse ainda que a carta das organizações não-governamentais, a propósito dos 40 anos do início da Guerra dos Seis Dias que hoje se assinala, foi entregue a uma pessoa que julga ser "segurança da embaixada".
A Guerra dos Seis Dias opôs Israel a uma frente árabe formada pelo Egipto, Jordânia e Síria, apoiada pelo Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão, e resultou na ocupação pelo Estado hebraico da Cisjordânia, sector oriental de Jerusalém e Montes Golã, levando ainda ao aumento do número de refugiados palestinianos na Jordânia e no Egipto.
Os signatários da carta defendem ser "urgente pôr fim a 40 anos de ocupação israelita dos territórios palestinianos", lembrando as "inúmeras resoluções da Organização das Nações Unidas, que não só condenam a ocupação, como exigem o seu fim".
"O povo português (...) estará entre os primeiros a apoiar uma paz justa e duradoura em toda a região do Médio Oriente, que garanta a segurança de todos os povos da região", refere ainda a carta, que além das organizações referidas foi assinada pela CGTP, Graal, Juventude Operária Católica, Pax Christi Portugal, Frente Anti-Racista, Follow the Women Portugal, Associação Portuguesa de Deficientes e União de Resistentes Antifascistas Portugueses, entre outras.
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