Quarta-feira, 6 de Junho de 2007

Declaração da delegação do CPPC-CMP à Iniciativa de Jerusalém

                                     

 

Regressaram da Palestina os dois membros do Conselho Português para a Paz e Cooperação que, em representação do Conselho Mundial da Paz, participaram na "Iniciativa de Jerusalém", que ocorreu entre 2 e 5 de Junho. Dos elementos recolhidos no terreno, o CPPC destaca o seguinte:

 


1 - Esta foi a primeira vez que uma iniciativa promovida por forças da paz de Israel e da Palestina teve lugar em Jerusalém, o que demonstra que existem parceiros para a paz dos dois lados do conflito israelo-palestiniano.


Este encontro contou com a participação de delegações de quatro continentes, entre os quais uma significativa representação europeia, e culminou com uma sessão pública em que participaram dirigentes políticos, cívicos e religiosos representativos de amplos sectores das sociedades palestiniana e israelita. A Paz é possível.


2 - O "muro de separação", que está a ser erguido por Israel nos territórios palestinianos da Cisjordânia e de Jerusalém Leste, constitui uma das mais clamorosas mistificações da história. Ao contrário do que é apregoado – de que se trata de um muro para proteger as populações israelitas de eventuais ataques terroristas oriundos dos territórios palestinianos - o muro destina-se a separar comunidades palestinianas, a inviabilizar a futura edificação de um Estado independente naquele território e a eliminar qualquer possibilidade para que Jerusalém Leste possa vir um dia a ser a capital da Palestina. O traçado escolhido para o muro - cuja construção prossegue - impossibilita o cumprimento de todas as resoluções das Nações Unidas relativas à criação do Estado Palestiniano.


O muro separa famílias, afasta crianças das respectivas escolas, agricultores das suas terras, doentes das suas unidades de saúde, comerciantes das suas lojas.


3 - A instalação de colonatos israelitas em territórios árabes intensificou-se e prossegue a um ritmo avassalador. A sua instalação, para além de implicar a destruição de casas e edifícios da comunidade palestiniana, decorre em perfeita articulação com o traçado do muro, numa estratégia clara de apropriação por parte de Israel de territórios palestinianos, que planeiam ocupar com colonatos 25 por cento do território da Cisjordânia.


4 - A construção do muro, a instalação dos colonatos, a abertura de estradas cujo acesso está vedado às populações palestinianas, e os mais de 600 "check-points" militares existentes, fixos e móveis, virão a resultar num futuro muito próximo, caso nada seja feito, na criação de vários acantonamentos de populações palestinianas, separadas entre si, numa lógica de "guetos", que constituirão a maior prisão do mundo.


5 - O embargo imposto à Autoridade Nacional Palestiniana, para além de representar uma injustiça monumental, na medida em que pune os ocupados depois de estes terem dado cumprimento a todas as exigências feitas pela "Comunidade Internacional", está a ter consequências económicas e sociais dramáticas, com o desmantelamento dos serviços de saúde, a desarticulação do sistema de ensino e a proliferação da miséria, que já atinge 55 por cento da população da Cisjordânia e 80 por cento da população da Faixa de Gaza.


6 - Igualmente dramática é a situação dos presos políticos palestinianos em Israel. Contando já com mais de 11 mil (cerca de 300 dos quais com idades entre os 14 e os 16 anos), entre eles contam-se diversos responsáveis políticos eleitos democraticamente pela população. Nomeadamente, 2 ministros, 45 deputados e 68 presidentes de câmaras. Acresce ainda o facto de muito deles serem detidos sem culpa formada e nessa situação se manterem por tempo indeterminado, sem que aos próprios advogados de defesa seja possível conhecer a acusação por alegadas razões de "segurança nacional". Esta denúncia é feita por organizações pacifistas israelitas.

 


Num momento em que se agrava a situação do povo palestiniano e que a criação do seu Estado soberano e independente está seriamente ameaçada, o CPPC reafirma a importância da solidariedade internacional e de uma poderosa campanha com vista a defender os direitos inalienáveis do povo da Palestina, e sublinha a necessidade de dar cumprimento às resoluções das Nações Unidas para os territórios palestinianos, no prosseguimento daquilo que e a declaração da "Iniciativa de Jerusalém" enuncia, de cujos pontos destaca:

  • Acabar com a ocupação israelita,
  • Desmantelar os colonatos,
  • Remover o muro de separação,
  • Estabelecer o Estado da Palestina dentro das fronteiras de 4 de Junho de 1967, com Jerusalém Leste como capital,
  • Resolver o problema dos refugiados.

Lisboa, 06 de Junho de 2007

A delegação do Conselho Português para a Paz e Cooperação, em representação do Conselho Mundial da Paz

 

publicado por cppc às 15:09
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