O Conselho Português para a Paz e Cooperação manifesta a sua preocupação pela classificação, por parte de Israel, da Faixa de Gaza como «território inimigo». Estas declarações constituem claramente uma ameaça e deixam temer a preparação de uma operação militar em larga escala contra a população daquela região. O CPPC assinala ainda com apreensão o apoio prestado pelos Estados Unidos da América, pela voz da secretária de Estado Condoleeza Rice, a Israel e às suas intenções.
O CPPC chama ainda a atenção para notícias recentes que dão conta das medidas tomadas anteontem por Israel de reduzir o fornecimento de energia eléctrica e combustível à Faixa de Gaza, lembrando que quem mais sofre com estas medidas são as populações mais desfavorecidas da região, massacradas já pelos bloqueios internacionais e pelos constantes ataques militares israelitas. Recorde-se ainda que na Faixa de Gaza o desemprego e a pobreza atingem cerca de 80 por cento da população, maioritariamente constituída por jovens.
Esta decisão das autoridades de Israel é acompanhada pelo recrudescimento das incursões militares na região. Na madrugada de ontem um blindado israelita matou um palestiniano e feriu outros três. O CPPC aproveita para lembrar que também na Cisjordânia prosseguem as incursões militares israelitas e a prisão e assassinato de cidadãos palestinianos.
Em Julho, a imprensa mundial difundiu o «gesto de boa vontade» das autoridades israelitas ao libertar 250 prisioneiros palestinianos. Mas na mesma semana prendeu mais de 300 e essas prisões continuam até aos dias de hoje. Nas prisões israelitas estão cerca de 11 mil palestinianos, muitos dos quais sem acusação formal.
Para o CPPC, a solução para a região passa pelo reconhecimento dos direitos nacionais do povo palestiniano, nomeadamente o direito à criação de um Estado da Palestina soberano, independente e viável, com capital em Jerusalém Leste, a remoção do muro de separação que está a ser erguido na Cisjordânia, a libertação dos presos políticos e o direito ao regresso dos refugiados, que constituem, neste momento, dois terços do total da população palestiniana.
Lisboa, 21 de Setembro de 2007
O dia 21 de Setembro foi proclamado, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, como DIA INTERNACIONAL DA PAZ.
Num mundo cada vez mais militarizado e perigoso em que o recurso à guerra se está banalizando como meio de resolução de conflitos e, dramaticamente, como meio de conquista de mercados e matérias-primas, assim como de manutenção e hegemonização de poder, em detrimento do bem estar e progresso dos povos e da mera sobrevivência de alguns, num mundo assim, é necessário e urgente defender a Paz como um dos maiores bens da humanidade.
Ao assinalar esta data, o CPPC destaca a brutal e ilegítima ocupação do Iraque, do Afeganistão e do Líbano, e o genocídio do povo palestino, a exploração extrema do continente Africano. Destaca, de entre outros culpados, os EUA e Israel, que sob o pretexto de combate ao terrorismo, fomentam o recurso à guerra e prosseguem o terrorismo de Estado com armamento cada vez mais sofisticado e mortífero e detendo arsenais de armas nucleares como ameaça permanente.
Nesta data, o CPPC salienta a desumana e irresponsável corrida aos armamentos desencadeada com a militarização da Europa e a extensão europeia do sistema Anti-Míssil dos EUA. Estes sistemas de pretensa defesa só aumentarão o perigo de conflitos e guerras, pois não é com armas que se constrói um futuro de Paz e o Progresso.
O CPPC apela a que no dia 21 de Setembro os Portugueses e Portuguesas se unam e mobilizem para um amplo e poderoso movimento a favor da Paz e por um mundo melhor, mais pacífico e solidário.
Apela a que o governo Português adopte uma política de Paz e respeito pelo Direito Internacional e pelos Princípios e Carta das Nações Unidas, aliás em consonância com a letra e o espírito da Constituição da República.
Lisboa, 21/Setembro de 2007
Conselho Português para a Paz e Cooperação - Rua Rodrigo da Fonseca, 56 - 2º
1250 -193 Lisboa, Portugal