Domingo, 3 de Junho de 2007

OTA custa tanto como os dois submarinos do Portas

 

Os cálculos estimam em 3,1 mil milhões de euros a despesa a ser feita na construção do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL. Para além disso, acrescento eu, há despesas com a quadruplicação da linha de caminho-de-ferro e composições extras mais umas infraestruturas rodoviárias e algumas derrapagens, pelo que o custo total pode situar-se nos 4 mil milhões de euros a serem desembolsados ao longo de um período que vai de 2008 a 2017 ou nos 5 mil milhões se for logo feito para 25 milhões de passageiros como seria recomendável. Claro, como a obra é nacional, o Estado encaixa em impostos diversos como IRS, IRC, IVAs, Impostos de Combustíveis e viaturas e 34,75% de taxa contributiva para a Segurança Social de todos os trabalhadores, o que dá um total próximo dos 50%, pelo que o custo real será de 2,5 mil milhões para uma obra de 5 mil milhões.

Se o aeroporto for feito noutro local o custo é semelhante mais coisa menos coisa. E até se a Portela fosse alargada ainda seria mais caro porque envolveria a expropriação de mais de 35 mil alojamentos, incluindo o meu, de acordo com o plano do Carmona.

 

Este ano, espera-se ter as propostas e cadernos de encargos a serem colocados em concurso internacional para construção e exploração e em 2008 serão abertas as propostas e escolhido o vencedor para que o obra se inicie em 2009 para estar concluída entre 2015 e 2017.

 

Há uma verba inscrita no Quadro Comunitário de Apoio da EU de 170 milhões de euros para o aeroporto e está em discussão em Bruxelas a verba para as infraestruturas ferroviárias que têm sido apoiadas por Bruxelas em 50% ou mais como podemos avaliar pelas tabuletas colocadas na Ameixeira respeitantes ao Metro e na Estação Roma relativamente à obra da linha de Sintra. Por isso, é admissível que venham mais uns 230 milhões de euros para totalizar um apoio de 400 milhões.

 

O Estado pretende desembolsar até 600 milhões de euros, mas um dos factores preferenciais na escolha do vencedor será o da redução da participação do Estado.

 

De qualquer modo, consideremos que mil milhões de euros serão provenientes do OE e da EU.

 

Qual o significado desta verba para um Aeroporto que deverá servir no início uns 20 a 25 milhões de passageiros a aumentar para 35,6 milhões em 2040 e uns 47 milhões em 2050.

 

 

Para efeitos comparativos façamos umas contas respeitantes a despesas feitas pelo Portas quando Ministro da Defesa.

 

Portas, ou seja, o Governo Durão Barroso, encomendou na Alemanha dois submarinos U-209PN pela módica quantia de 900 milhões de euros em custo de estaleiro com torpedos e mísseis para serem entregues em 2009 e 2010 ou 2011. O actual governo tem tentado protelar a entrega dos submarinos e arranjou um contrato de leasing com um grupo bancários para que os mesmos sejam pagos em 20 a 25 anos que aumenta os preços em 51%.

O custo total deverá rondar os 1,35 mil milhões de euros, aos quais deveremos acrescentar a despesa operacional estimado neste tipo de navio de guerra em 10% do custo em estaleiro por ano, ou seja, em vinte anos 1,8 mil milhões de euros, o que dá 3,75 mil milhões quase sem impostos porque é tudo feito no estrangeiro. 

 

 

Mas, para que vão servir os novos submarinos? Qual a guerra em que vão entrar? Qual a costa ou território que Portugal necessita de defender com submarinos? Quem vai usufruir dos submarinos? Que postos de trabalho vão ser criados? Quais os impostos pagos ao Estado português pelos construtores dos submarinos e dos equipamentos anexos como electrónica, motores, armas, etc.

 

É evidente que a resposta a todas essas perguntas é ZERO.

 

 

 

 

Portas inventou umas contrapartidas que se revelaram iguais a ZERO pela comissão que as está a avaliar. Portas chegou a referir como contrapartida uns navios construídos e a construir nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo para um armador alemão que nada tem a ver com os estaleiros dos submarinos e que manda construir navios nos ENVC há mais de trinta anos.

 

Assim, nos próximos 22 anos temos de um lado 3,15 mil milhões de euros para dois pequenos submarinos e do outro temos 2,5 mil milhões de euros líquidos para um Aeroporto a servir uns 25 milhões de passageiros. Os submarinos irão então para a sucata, enquanto o Aeroporto dará trabalho a 28 mil pessoas e poderá alargar a sua capacidade para quase 50 milhões de passageiros em 2050 e continuar a ser Aeroporto em 2100 e mais para além.

 

Mas, acrescente-se ainda que o desmantelamento do Aeroporto de Portela poderá dar lugar a um amplo parque industrial e empresarial a servir a cidade de Lisboa, além de espaços habitacionais e jardins. No seguimento de Camarate até Alverca, Portela tornar-se-á numa ampla zona de empregos industriais com evidente encaixe para o Estado. Estima-se em mais de mil milhões de euros o valor dos terrenos, a preços especialmente baixos para a indústria, da imensa zona da Portela, o que poderá amortizar completamente a verba dispendida pelo Estado e há espaço até para uma grande fábrica de automóveis, por exemplo. Com os apoios da UE, impostos pagos ao Estado e valor dos terrenos, o NAL custaria ao Estado, se fosse a entidade pagadora, uns 800 milhões de euros, mas como poderá ser entregue a uma entidade construtora e exploradora do mesmo, o Estado terá lucro. Em 2050, o NAL poderá movimentar 47 milhões de passageiros a pagarem taxas equivalentes a uns 2,5 mil milhões de euros anuais, enquanto os dois submarinos do Portas serão vendidos para sucata.

 Se o Estado vendesse os submarinos à China, por exemplo, ficaria com dinheiro para subsidiar largamente uma importante fábrica de automóveis e camiões, incluindo motores.

  

A propósito de submarinos, saliente-se que a actual classe Delfim adquirida à França entre 1967 e 1969 destinavam-se a proteger as linhas de navegação para as colónias, mas só um submarino fez uma viagem às Ilhas de Cabo Verde para verificar que não estava adequado para operar em águas tropicais, apesar de ter sido encomendado para isso.

 

Outra curiosidade da direita. Dizem agora que o actual presidente da TAP quer que seja feito um aeroporto para trazer milhões de brasileiros para Portugal de acordo com a vontade do governo brasileiro em promover a imigração dos seus excessos de população. Como se o Estado português não existisse.~

Dieter Dellinger

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publicado por cppc às 16:32
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