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Activistas ficam na rua
Incidente à porta da embaixada de Israel
Margarida Mota
Representantes de 55 ONG‘s lusas foram impedidos de entrar na embaixada de Israel. O apelo ao fim da ocupação chegou ao embaixador por um segurança.
encontro fora previamente agendado, mas na terça-feira, ao princípio da tarde, nada aconteceu como o previsto em frente à embaixada de Israel, em Lisboa. "Havia três carrinhas da polícia e agentes de metralhadora apontada para nós", conta ao Expresso Elsa Rodrigues dos Santos, dirigente do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).
Elsa Santos e Luís Vicente, do Conselho Português para a Paz e Cooperação, dirigiram-se à embaixada de Israel, em representação de 55 organizações não-governamentais portuguesas, para entregar uma Carta-Apelo contra a ocupação israelita dos territórios palestinianos. Chegados à embaixada, os dois professores universitários viram-se impedidos de entrar. "Isto é uma provocação, vocês não podem entrar, entregam aqui a carta", afirmou um segurança israelita à porta do edifício da embaixada.
A representante do MPPM refere que os dois professores estavam acompanhados por "meia dúzia de representantes das organizações signatárias do documento", o que terá irritado os israelitas. "Eles estavam ali, tranquila e pacificamente… Não mostraram nenhum cartaz nem gritaram palavras de ordem…" Diz também que o encontro fora previamente agendado, tendo para o efeito a embaixada israelita "exigido" fotocópias dos bilhetes de identidade.
Nesta questão, como em quase tudo o que se refere ao conflito israelo-palestiniano, Israel tem outra versão dos acontecimentos. Contactada pelo Expresso, a embaixada israelita, pela voz do encarregado de negócios Amir Sagie, esclareceu que em frente à embaixada estavam "entre 15 e 20 pessoas", o que se trata de uma "manifestação ilegal" dado que as autoridades portuguesas não foram informadas. Esclarece também que o aparato policial a que se referem os activistas aconteceu "por iniciativa da própria polícia", encarregue da segurança diária àquela missão diplomática. Confirmou igualmente que a Carta-Apelo deu entrada na embaixada, pelas mãos do segurança.
Na véspera deste incidente, realizou-se na Casa do Alentejo uma sessão pública de intervenção, promovida pelo MPPM em que marcaram presença José Saramago e Abdullah Abdullah, Presidente da Comissão Política do Parlamento palestiniano. Se, no uso da palavra, o dirigente o palestiniano aproveitou para apelar à próxima presidência portuguesa da União Europeia que coloque "no topo da agenda o levantamento do embargo e das sanções ao Governo palestiniano", já o Nobel da Literatura reafirmou as posições que, há tempos, tanta polémica provocou em Israel: "Enquanto houver um palestiniano vivo, o Holocausto continuará", disse. "O que os israelitas sofreram em Auschwitz não os absolve nem lhes confere impunidade. São iguais aos carrascos dos nazis de que foram vítimas".